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Ressaca de notícias desafia jornalismo a reengajar público em 2022, diz Reuters Institute

Imagem: Brian McGowan/Unsplash

Após dois anos de intensa produção de notícias sobre pandemia e polarizações políticas, além da luta incessante contra a desinformação, o jornalismo viu seu público encolher pelo mundo. A hipótese é que estamos numa espécie de ressaca de hard news, segundo o estudo “Journalism, Media, and Technology Trends and Predictions 2022”, Reuters Institute e Universidade de Oxford, liderado pelo pesquisador Nic Newman. Diante disso, o desafio de 2022 para o setor será o de reengajar as pessoas.

Em muitas partes do mundo, o público da mídia de notícias caiu ao longo de 2021 – não é uma situação ideal em um momento em que informações precisas e confiáveis são tão críticas para a saúde e a segurança das pessoas. Um desafio fundamental para a mídia de notícias este ano é reengajar aqueles que se afastaram das notícias – bem como construir relacionamentos mais profundos com consumidores de notícias mais regulares”, afirma o documento.

As conclusões se baseiam em uma pesquisa realizada com editores, CEOs e líderes da indústria jornalística nos EUA e Europa. A maioria dos entrevistados (54%) relata queda nas visualizações de páginas, embora para 59% a receita de seus veículos tenha aumentado no último ano. Essa alta se explica, segundo o estudo, pelo crescimento da publicidade digital e das assinaturas no período.

Apesar da queda da audiência em notícias, três quartos (75%) dos respondentes se dizem confiantes sobre as perspectivas de sua empresa para 2022, embora uma parcela menor (60%) declare confiança sobre o futuro do jornalismo. As principais preocupações dizem respeito à polarização das sociedades, ataques a jornalistas e à imprensa livre e à sustentabilidade financeira das publicações locais.

A pesquisa também indica tendências a serem observadas nos negócios de mídia e notícias ao longo do ano. Em relação a formatos de conteúdo, os podcasts e o áudio digital seguirão com investimentos em alta para 80% dos editores consultados, bem como as newsletters (70%), dois canais que, segundo eles, provaram ser eficazes em aumentar a fidelidade e atrair novos assinantes. Por outro lado, apenas 14% dizem que investirão em voz e apenas 8% na criação de novos aplicativos para o metaverso, como VR e AR.

A personalização na entrega de experiências de conteúdo segue avançando. Para 85% dos entrevistados, a inteligência artificial será importante na melhoria das recomendações de conteúdo e na automação da redação (81%). Mais de dois terços (69%) veem a IA como fundamental no lado dos negócios para ajudar a atrair e reter clientes.

Mas o caminho para enfrentar o desafio de obter maior engajamento nas notícias ainda não está claro. A maioria dos editores planeja avançar com estratégias de assinatura este ano, com 79% dizendo que essa será uma de suas prioridades de receita. O problema é que, ao mesmo tempo, 47% dos entrevistados temem que os modelos de assinatura possam limitar a audiência do jornalismo, ao se concentrar mais em públicos elitizados, deixando a grande massa de fora. É uma questão em aberto para 2022.


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