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Samanta Lopes, da Um.a: Storytelling é ferramenta para incentivar inclusão nas empresas

“Vou te contar um pouco de história”, diz a publicitária e pedagoga Samanta Lopes, quando perguntada sobre o programa Mestre em Diversidade Inclusiva, coordenado por ela na agência Um.a, em parceria com a Pearson Education. Ao narrar sua trajetória, que foi de empreendedora a facilitadora de diversidade em grandes corporações, ela transmite o propósito do programa: “Incluir não é só abrir espaço, é entender o quão a inclusão é estratégica para os negócios.” E isso é feito com ajuda de histórias.

O programa nasceu da combinação da expertise de Samanta – que no tempo de empreendedora organizava hackathons já montando times diversos – com a parceria de Ronaldo Ferreira, sócio da agência Um.a. Ele já estava em conversas com a Pearson, pensando em como levar diversidade para os clientes corporativos da agência. A Um.a é especializada em live marketing e atende marcas como Allergan, Anbima, Atento, B3, BMG, Carrefour, Corteva, Fenasaúde, iFood, InterFarma, MAPFRE, Mondelez, SBT e Tigre.

“Fui convidada para coordenar, como sou publicitária e pedagoga, transito entre os dois universos”, afirma. Ela explica que o programa começa com um curso de três módulos voltado a lideranças executivas e outros quadros, combinando consultoria e acompanhamento para elaboração de práticas de transformação.

O primeiro módulo trabalha como cada pessoa se vê em relação ao que é diverso. No segundo, o mais longo e profundo, os participantes entram em contato com histórias de pessoas de cinco grupos de identidade – idade, negritude, gênero, LGBTQIA+ e PCD — que também são especialistas em diversidade. Eles contam sobre suas vivências, falam o que deve ser evitado e o que funciona num trabalho de inclusão de seus grupos.

A mudança de atitude só acontece quando conheço as histórias das pessoas. É muito difícil criar alteridade, não digo nem empatia, ou seja, ouvir a história do outro e de alguma forma me conectar a ele, se eu não passo por esse momento em que faço uma reflexão sobre a história do outro. Esses encontros têm muito essa finalidade de fazermos a conversa juntos, e a partir disso conseguir elaborar propostas”, diz.

O curso – que pode ser EAD ou presencial – preserva esses encontros síncronos, e passa por uma trilha até chegar ao terceiro módulo, em que cada participante propõe ações. “Cada um cria para si um mapa de atitude, para propor mudanças de verdade. E a gente faz um acompanhamento que dura seis meses ou mais para ajudar as pessoas a entenderem o processo e construírem redes de apoio.”

Segundo Samanta, as demandas das corporações partem de áreas como RH, comercial, comunicação. E sempre busca envolver as altas lideranças. “É um ponto fundamental. Eu quero que você olhe para a sua média gestão, para a diretoria que não tem mulher, para o conselho que não tem negro. Quando não há diversidade nesses cargos que decidem, dificilmente a empresa está fazendo um trabalho de mudança.”

As ações de transformação podem se traduzir de diversas formas, em programas de contratação, revisão de processos internos, mudança de abordagem na comunicação, diz a executiva. “A gente fez um trabalho com o SBT muito forte, com modificações até na ficha de recepção de pessoas na plateia para respeitar o nome social. Eles agora têm uma newsletter com informações de diversidade”, exemplifica. O programa já dura mais de três anos na emissora, que tem um comitê de diversidade bastante forte que busca gerar mudanças em diversas áreas, segundo Samanta.

Os resultados dessas ações não necessariamente se medem por números, segundo a executiva. “Eu acompanhei recentemente três empresas, uma abriu contratação de 10 pessoas com deficiência, outra abriu processo de trainee só para pessoas negras, outra contratou duas pessoas trans. Você pode achar que é pouco. A formação acaba gerando mudanças que podem parecer pequenas, mas temos que pensar que as estruturas dessas empresas são muito rígidas. São pequenos movimentos, mas que são contínuos e geram novas aberturas.”


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